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Livros Digitais: Ainda nem tão acessíveis

O mercado editorial tem passado por mudanças no Brasil. Desde a fusão de algumas redes de livrarias, a lançamento de sites de vendas de livros à compra de editoras tradicionais por grandes grupos nacionais e estrangeiros.

Uma desta mudanças é o chamado livro digital que pode ser lido diretamente em computadores (desktops e laptops). Um leitor específico chamado de E Reader(leitor eletrônico)  possibilita um melhor contato com as obras devido a sua tela ter uma resolução e qualidade que diminui o cansaço visual em comparação com as telas de LCD convencionais. Alguns destes leitores possibilitam o acesso direto à internet e com isso a compra dos títulos disponíveis.

Antes restrito a poucos títulos os livros em português tem aos poucos chegado ao mercado, inclusive com lançamentos quase que simultâneos na versão impressa e digital.

A Revista Veja desta semana traz um artigo onde compara os valores dos livros nas duas versões. Roberto Feith, Editora Objetiva, comenta que o próximo passo seria a popularização dos leitores eletrônicos o que possibilitaria a expansão das vendas e popularização dos livros.

No Brasil o custo do livro impresso ainda é alto sendo que os títulos infantis em geral estão hoje mais caros que livros acadêmicos utilizados nos bancos universitários. As versões eletrônicas porém não tem uma redução que torne esta leitura popular. A diminuição dos custos de livrarias (necessidade de estoques e presença física) e editoras (impressão, distribuição, embalagem) não é totalmente repassada ao consumidor.

Na tabela abaixo tem-se a distribuição das receitas advindas da venda dos títulos:

Repasse da venda de livros Versão impressa Versão eletrônica
Editora 40 % 53%
Loja 50% 30%
Autor 10% 17%

Fonte: Revista Veja. 26/01/2011

As Editoras tem suas fatias ampliadas o que demonstra que a redução dos custos não proporciona uma popularização da obra. A faixa do autor teve uma sensível melhora em relação a versão impressa.

A falácia apresentada por Fábio Herz, Livraria Cultura, do receio de perda de receita por motivos de pirataria e redução do valor recebido por volume vendido da versão eletrônica em relação à impressa não é totalmente pertinente.

Os valores de venda de algumas obras pesquisas nos sites de compras de livros nas versões impressa e eletrônica demonstram que o livro ainda não é acessível:

Título Público Saraiva Gato Sabido
impresso Eletrônico Eletrônico
Uma menina chamada Julieta – Ziraldo Infantil 25,20 —– 29,40
O menino Maluquinho – Ziraldo Infantil 29,00 20,30 16,24
1822 – Laurentino Gomes Leitura geral 31,50 28,70 23,10
Brasil Raizes do Atraso Economia 68,00 28,60 28,60

Pesquisa realizada em: 24/01/2011 nos sites das Livrarias virtuais. Preços em Reais.

Há a necessidade se ter uma política mais clara e direta por parte do Ministério da Cultura e uma pressão sobre as Editoras para que façam uma correção dos valores. Em São Paulo há alguns anos o papel destinado à confecção dos livros são isentos do pagamento de impostos como o de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Outra iniciativa bacana parte da Imprensa Oficial de São Paulo com diversos títulos gratuitos disponíveis em seu catálogo.

Nos sites acima no momento da pesquisa foram também encontrados alguns títulos gratuitos, mas exigiam cadastramento prévio do internauta. No site da Saraiva após a escolha do título tem de ser instalado o aplicativo Saraiva Reader que estava com problemas de download.

Títulos mais acessíveis poderiam atrair mais leitores e realmente popularizar e incentivar a leitura.  O ato prazeroso de se poder escolher um título, seja em uma livraria ou em um site poderia ser ampliado para as gerações de crianças, jovens e adultos.

Aliar tecnologia com incentivo à leitura é extremamente válido desde que seja factível e que editoras, lojistas e autores possam de fato terem uma posição que ultrapasse as boas intenções e que as falas sejam praticadas realmente junto ao leitor.

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